Aqui neste quarto do segundo andar
Evito que os pensamentos tomem forma.
Num só sorvo de sede, não chego a beber
As palavras liquidas, que acabam por solidificar.
Serem escritas divinas, neste momento não.
Conheço a sua origem, dos passados ferros
Na sucata se revestiram de ferrugem.
E isto é fazer conversa de cerimónia
No salão das convenções arbitrárias,
Sem a consistência de qualquer mania
Que se ache plena em demagogia.
E mais não escrevo, porque o vento já sopra
A anunciar um intenso inverno, com os raios
A rasgarem as nuvens na fúria do seu calor.