O que me matou para a vida
Foi o excesso de tudo quanto fui.(Fernando Pessoa)
O que não quis ser, tive de o ser,
Mesmo não querendo ser, acabei a ser,
Humilde, carinhoso, bondoso, apaixonado,
Rancoroso, ranhoso, ciumento, ladrão,
Honesto, mentiroso, filho de uma mãe.
Em todas as qualidades, o excesso,
Que extravasou do vaso e se entornou,
Sem que houvesse um prato fundo
Que aproveitasse o melhor de mim.
Fui como um vulcão em erupção
Que pela encosta se desfez, no fundo do mar,
Sem que tivesse a capacidade de regressar,
E na sua forma imperfeita, voltar a amar.