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Alves Pinto

Último Ciclo, © 2008


Foram trinta verões, seguidamente a cólera
E a malária a cultivarem os campos,
A população a correr estrada fora 
E fugir para a capital dos santos.

Recolheram-se aos montes, já cadáveres
Ficaram alguns, outros a olhar choraram
E prostraram-se sem haveres.
Para onde ir! Um lugar lindo sonharam.

Um dia, ao chegarem a esse ermo
Ficaram eternamente gratos,
Longe do fumo, o cheiro do inferno
Que afugentou as solas dos sapatos.

E os obrigou a palmar uns noncacos
Às rodas que se despenhavam, amarrados
Ao peito do pé e nas costas os sacos,
A saltar de buraco em buraco, despedaçados.

Sem conseguirem desviar-se do zumbido de ferro,
Com a alma perfurada, ficaram putrefactos
À espera que o tempo os sepultasse, e que o enterro
Fosse em homenagem comunitária dos factos.

Jus aos seus nomes e ao sacrifício
De gerações que lutaram incessantemente,
Contra os malditos do vício
Que impediram o cultivo da semente.

Nas províncias, impera agora nova regedoria,
O soba organiza a aldeia, o governador
Controla os custos que ninguém diria
Altos e a reconstrução segue o seu clamor!





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