Mercador se sonhos,
Em quadro de papel
Pinto os meus medonhos.
Sem outro espaço,
Ocupo o lugar absorto
Vencido pelo cansaço.
Na urna das profundezas,
Habitação universal
Recebo suas altezas.
Meus castelos modelos,
Enterrados nas décadas de vida
Seres do mundo e belos.
Ao meu lado inacabado,
A longa ausência
Do diálogo calado.
Pasto á deriva,
Sem norte ou influência
Absorvo a ideia nociva.
Em bebedouro comunitário,
Saboreio o veneno
E vomito a cárie, o pus dentário.
Nas latrinas o cheiro,
Nauseabundo olhar
O meu sobre um cinzeiro.
Onde o cigarro da vaidade,
Queima o interior
E toda a minha vontade.
Corro pela cidade,
Os paços lentos
Perdem a genuinidade.
A minha espinha,
Ramo de avançada idade
Desvio em erro, sozinha.