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Gilberto Eco

Movimentos da Alma, © 2006


A lembrança enviada
Recebeu o coração,
Em aniversário a amada
Chorou com emoção.

O ramo de rosas
Vermelhas de paixão,
Agrestes e espinhosas
A provocar desorientação.

O mais forte a quebrar
As barreiras do amor,
A seduzir o olhar
Com raios de dor.

A formar um novo arco-íris
Várias cores inquietantes,
Preto, cinzento, e outras grafites
A inebriar os bons amantes.

A tentarem escapar
À má e agoirenta morte,
Em íngreme altitude escalar
Nova montanha de sorte.

Nuvem modelada e étera
Que os leve para outra estancia,
Profunda e luzente atmosfera
Onde ternos sonhos de infância.

Jogam as regras da inocência
Partidas e brincadeiras,
Não sofrem pressões e influência
Nas serenas soalheiras eiras.

Nas desfolhadas caseiras
O milho sopram,
As suas ancestrais maneiras
Com aguardente pura saboreiam.

A vontade de acompanhar
A alegria dançante,
O convívio a rodopiar
Em noite de luar quente.

O corpo suado
Em desejos da mulher casada,
O grito do amado
A ausência desesperada.

A dor mitigada
Em longas noites fugidias,
Envoltas em anseio, sofregada
Sem ar para respirar novos dias.

Sem forças para elucidar
A ideia traquina,
E nova senda encontrar
Ao virar da esquina.



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