Muito á frente
Do tempo de reacção,
A desilusão em mente
Na voz a canção.
Em jeito de hino
Ao povo ignorante,
Na igreja o sino
O grito pedinte.
E o governo aplaude!
Seus pupilos, as marionetas
Em palco de vaidade,
Putas de rua e proxenetas.
Dívidas a crédito furtado
Futuro e visão hipotecada,
Negro o olhar amargurado
E sua lágrima esmigalhada.
Desce pelos sulcos
Até ás veias, o tanque,
Latejam aos socos
Feito bofetadas de sangue.
Por serem tão inconstantes
E teimosos loucos,
Não passam de manifestantes
A acenar para a tribuna dos moucos.