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Camilo Castelo Branco

Poemas


SALVE, REI! 

Cantor de outrora, quando vi sem flores os mágicos jardins da fantasia, minha lira depuz. Não mais pedi inspirações terrenas. Curvei-me ante o altar, sagrei meu astro aos cânticos da cruz.
E, sem magoa, quebrei prisões da terra, mas uma, se então quis também quebra-la, não pude, em vão tentei. Eram saudades a viver de esperanças, saudades, que nem Deus manda esquece-las, saudades do meu Rei! Ficava-me no mundo um nome grande, Um símbolo de amor, de luz radiante, Sob um manto real... Imagem do que vi na minha infância, Sentado no docel, herança augusta dos Reis de Portugal.
Cristão, pedi com fé, senti que a tinha prostrado ante o altar, quando eu pedi recursos ao meu Deus... Recursos, não para mim que nasci servo, recursos para Vós, Rei desterrado Sob inóspitos céus!
Pulsou-me o coração, senti no lábio, em vez da oração, soltar-se o hino dum peito português! Ás lágrimas sucede essa alegria do extase que á mente imprimem voos de enérgica altivez!
Rei! No dia em que descestes do vosso trono real apagou-se a luz da glória, Cerrou-se o livro da Historia do Reino de Portugal.
Surge o anjo do extermínio Sobre as trevas infernais! Traz de fogo a fera espada, e com mão ensanguentada rasgas as púrpuras reais.



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