Corro para casa
Na ânsia de escrever,
Abro o livro da vida
E vejo-me a desfalecer.
Na tentativa de transplante
Jogo-me noutra alma,
No mundo real de semblante
Argiloso vermelho e lama.
Provocada pelas enxurradas
Em intenso Inverno,
As mágoas constipadas
A derreter no inferno.
Forno de lenha
Tabuleiro de sentidos,
A marinar que convenha
Ao sabor dos iludidos.
Servida com pompa e cerimonia
Às majestades da sociedade,
Com todos os instrumentos da sinfonia
A gemer a sua falsidade.